quarta-feira, 31 de julho de 2013

LEMBRANÇAS






L E M B R A N Ç A S


Foi o tempo que passou,
zombando te levou pra longe.
Sequer me avisou que ia ser assim,
a vida sem o seu amor.

Meu olhar se anuviou,
o mundo tão vazio agora se tornou.
Sem rumo, vou levando assim,
tão só, a minha dor...

Ah... Uma lagrima vai existir,
quando a saudade teimosa insistir...

Em buscar recordações,
seu perfume no vento
e acender o desejo 
que ainda existe em mim...

Em trazer as emoções,
 lembranças de outrora,
de um tempo tão feliz em que vivi
um grande amor... 


 (Andra Valladares / Sandra Sarmento)


(música composta no ano de 2003 em parceria com minha mãe)

sexta-feira, 26 de julho de 2013

VIVÊNCIAS (Andra Valladares)





Vivências



Foi a brisa ou a tempestade

Que alterou minha direção?

O entardecer ou a alvorada

Aquarelou-me a visão?



Planos insanos, desenganos,

Conquistas inesperadas?

Qual o quê? Não sei...



Foi a música ou os versos

Que acenderam meu reverso?

Para melhor ou pior?



Não sei... Eu mudei.

É só.




(Andra Valladares)

domingo, 21 de julho de 2013

Parônimos (poetrix)



PARÔNIMOS

Na torre da igreja,
enquanto o sino soa,
o homem sua...


(Andra Valladares)




PARÔNIMOS : SUAR x SOAR


Percebi que muitas pessoas cometem o erro de trocar essas palavras, especialmente na linguagem falada, quando dizem: "Eu soo muito" ou "Ele(a) soa muito"; quando o correto seria dizer:
"EU SUO", "ELE(A) SUA".

Referidas palavras são denominadas PARÔNIMAS, pois apesar de sua SEMELHANÇA GRÁFICA e SONORA possuem SIGNIFICADOS DIFERENTES.

SUAR = transpirar
SOAR = tocar / ecoar

Por isso, criei o poetrix acima para facilitar a memorização da diferença entre estas palavras
.

domingo, 14 de julho de 2013

LA ISLA NEGRA (Andra Valladares)





La Isla Negra
                                                                                  

                                                                                                 A Pablo Neruda e Matilde Urrutia


Palavras e sensações vêm e vão
em fluidas e infindáveis ondas...
Vastidões azuis - céu e mar -
inesgotáveis correntes de inspiração.  

Ah! O amor... Eternizado em versos,
ornado com conchas, corais e nácar;
emana olor de trufa, pão, vinho
e o frescor de flores orvalhadas.

O vento murmura na folhagem,
cânticos de esperança e dor.
No sal do tempo, inclemente ferrugem
vai dissolvendo a onírica paisagem...

Segredos de nuvens e espumas,
alvos lenços acenando adeus.
Aquele sentimento, risonho e imenso,
jaz na estranha quietude que grita :
 - Ei-lo imortal, por ter sido intenso!

(Andra Valladares)



Pablo Neruda e Matilde Urrutia na Isla Negra, Chile.



http://www.fundacionneruda.org/en/isla-negra/history.html

sábado, 13 de julho de 2013

Sonetos de Pablo Neruda para Matilde Urrutia


Pablo Neruda e Matilde Urrutia em Isla Negra, Chile




AO GOLPE da onda contra a pedra indócil
estala a claridade e estabelece sua rosa
e o círculo do mar se reduz a um cacho,
a uma só gota de sal azul que tomba.

Oh radiante magnólia desatada na espuma,
magnética viageira cuja morte floresce
e eternamente volta a ser e a não ser nada:
sal roto, deslumbrante movimento marinho.

Juntos tu e eu, amor meu, selamos o silêncio,
enquanto o mar destrói suas constantes estátuas
e derruba suas torres de enlevo e brancura,

porque na trama destes tecidos invisíveis
da água entornada, da incessante areia,
sustentamos a única e acossada ternura.

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NÃO TE QUERO senão porque te quero
e de querer-te a não querer-te chego
e de esperar-te quando não te espero
passa meu coração do frio ao fogo.

Te quero só porque a ti te quero,
te odeio sem fim, e odiando-te rogo,
e a medida de meu amor viageiro
é não ver-te e amar-te como um cego.

Talvez consumirá a luz de janeiro
seu raio cruel, meu coração inteiro,
roubando-me e chave do sossego.

Nesta história só eu morro
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero, amor a sangue e fogo.

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SE NÃO FOSSE porque têm cor-de-lua teus olhos,
de dia com argila, com trabalho, com fogo,
e aprisionada tens a agilidade do ar,
se não fosse porque uma semana és de âmbar.

se não fosse porque és o momento amarelo
em que o outono sobe pelas trepadeiras
e és ainda o pão que a lua fragrante
elabora passeando sua farinha pelo céu,

oh, bem-amada, eu não te amaria!
Em teu abraço eu abraço o que existe,
a areia, o tempo, a árvore da chuva,

e tudo que vive para que eu viva:
sem ir tão longe posso ver tudo:
vejo em tua vida todo o vivente.

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PLENA MULHER, maçã carnal, lua quente,
espesso aroma de algas, lodo e luz pisados,
que obscura claridade se abre entre tuas colunas?
Que antiga noite o homem toca com seus sentidos?

Ai, amar é uma viagem com água e com estrelas,
com ar opresso e bruscas tempestades de farinha:
amar é um combate de relâmpagos
e dois corpos por um só mel derrotados.

Beijo a beijo percorro teu pequeno infinito,
tuas margens, teus rios, teus povoados pequenos,
e o fogo genital transformado em delícia

corre pelos tênues caminhos do sangue
até precipitar-se como um cravo noturno,
até ser e não ser senão na sombra de um raio.

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Pablo Neruda e Matilde Urrutia em sua residência em Isla Negra, Chile



AI DE MIM, ai de nós, bem-amada,
só quisemos apenas amor, amar-nos,
e entre tantas dores se dispôs
somente a nós dois ser malferidos.

Quisemos o tu e o eu para nós,
o tu do beijo, o eu do pão secreto,
e assim era tudo, eternamente simples,
até que o ódio entrou pela janela.

Odeiam os que não amaram nosso amor,
nem outro nenhum amor, desventurados
como as cadeiras de um salão perdido,

até que em cinza se enredaram
e o rosto ameaçante que tiveram
se apagou no crepúsculo apagado.

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E ESTA PALAVRA, este papel escrito
pelas mil mãos de uma só mão,
não fica em ti, não serve para sonhos,
cai à terra: ali permanece.

Não importa que a luz ou a louvação
se derramem e saiam da taça
se foram um tenaz tremor do vinho
se tingiu tua boca de amaranto.

Não quer mais a sílaba tardia,
o que traz e retraz o arrecife
de minhas lembranças, a irritada espuma,

não quer mais senão escrever teu nome.
E ainda que o cale meu sombrio amor
mais tarde o dirá a primavera.

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O CAMINHO molhado pela água de agosto
brilha como se fosse cortado em lua cheia,
em plena claridade da maçã,
em metade da fruta de outono.

Neblina, espaço ou céu, a vaga rede do dia
cresce com frios sonhos, sons e pescados.
O vapor das ilhas combate a comarca,
palpita o mar sobre a luz do Chile.

Tudo se reconcentra como o metal, se escondem
as folhas, o inverno mascara sua estirpe
e só cegos somos, sem cessar, somente.

Somente sujeitos ao leito sigiloso
do movimento, adeus, da viagem, do caminho:
adeus, da natureza caem as lágrimas.

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DOIS AMANTES ditosos fazem um só pão,
uma só gota de lua na erva,
deixam andando duas sombras que se reúnem,
deixam um só sol vazio numa cama.

De todas as verdades escolheram o dia:
não se ataram com fios senão com um aroma,
e não despedaçaram a paz nem as palavras.
A ventura é uma torre transparente.

O ar, o vinho vão com os dois amantes,
a noite lhes oferta suas ditosas pétalas,
têm direito a todos os cravos.

Dois amantes felizes não têm fim nem morte,
nascem e morrem muitas vezes enquanto vivem,
têm a natureza da eternidade.

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Pablo Neruda e Matilde Urrutia


TODOS OS SONETOS ACIMA FORAM EXTRAÍDOS DO LIVRO "CEM SONETOS DE AMOR" - PABLO NERUDA.  TRADUÇÃO: CARLOS NEJAR. EDITORA L&PM POCKET

terça-feira, 9 de julho de 2013

EM BUSCA DA LIBERDADE (Beatriz Abaurre)





Na reunião da AFESL da qual participei hoje, recebi das mãos da escritora Ester Abreu, uma cópia do poema que transcrevi abaixo. Esse poema realmente me tocou e eu gostaria muito de tê-lo escrito. 


Assim, aproveito para prestar uma singela homenagem à autora desta bela obra. A poeta, escritora e musicista Beatriz Abaurre que faleceu no dia 14 do mês de junho passado.



EM BUSCA DA LIBERDADE

Eu quero ter a certeza de ser livre.
Por isto não me ensinem códigos.
Deixem-me calada, na dor e no amor;
Deixem-me em paz na ferrugem dos meus planos abandonados,
Minhas presenças inesperadas,
Meus silêncios loucos, minha tristeza estranha.

Sei que tenho o adeus de todos os deuses,
Sei que trago comigo a interrogação eterna
Em todos os meus sonhos sonhados e esquecidos;
Degraus cheios de folhas mortas e ressequidas,
Sei que sou um pouco de tudo,
Um pouco de nada.
Por isto deixem a alvorada surgir
Com meus olhos pregados à janela.
Deixem a solidão fundir-se como chumbo
No fogo de vida que trago escondido em mim.

Não esperem que eu chegue a um ponto determinado,
pois eu quero apenas andar pelas ruas
como todos andam pelas ruas.

Quero apenas ter a certeza de ser livre...

(Beatriz Abaurre)


segunda-feira, 1 de julho de 2013

AD AETERNUM / ATÉ QUANDO?




AD AETERNUM

Dorme menina,  no desabrochar da juventude,
despetalada por mãos insanas, monstruosas.
Dorme flor que o teu perfume 
permanece na brisa, na quietude,
nas lembranças que deixaste junto aos teus.
Na tarde lúgubre na qual acenaste adeus.

Por toda crueldade que passaste
e pela luz dos olhos teus feneceu.
Dorme flor serena que o sereno
da eternidade há de banhar-te a alma.
Dorme, pois tua imagem e teu sorriso
hão de brilhar numa estrela lá no céu.

(Andra Valladares)
01/07/2013



À jovem Tayná Adriane da Silva, 14 anos, estuprada e assassinada no dia 23/06/2013 em um parque de diversões de Colombo, região Metropolitana de Curitiba, Paraná.





ATÉ QUANDO?

Até quando?  - Me pergunto: Até quando?
Quantas crianças e jovens inda irão morrer
pelas mãos asquerosas de bandidos e maníacos?

Até quando fingiremos que essa brutalidade
não nos dilacera o coração?
Que alvor das manhãs, manchado de sangue
não se transmuta em escuridão?

Até quando apenas os inocentes,
receberão dos vis irracionais 
 inapeláveis penas capitais?
Até quando as bestas-feras que andam soltas
abrigar-se-ão no seio da impunidade, 
como se fossem criancinhas indefesas   
dignas de amparo e piedade?


(Andra Valladares)
01/07/2013








Ao menino Brayan Yanarico Capcha , 5 anos, assassinado brutalmente em São Paulo, na madrugada do dia 28/06/2013 na residência onde morava, que foi invadida por uma quadrilha de assaltantes. A criança que tinha um revólver apontado para si, chorava no colo de sua mãe , clamando por não morrer. E foi baleado com um tiro na nuca por um monstro extremamente covarde e cruel.


http://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/brasil/2013/07/01/policia-prende-3-acusado-de-matar-menino-de-5-anos.htm


Não consigo mais engolir essas monstruosidades e fingir que não me afligem. Não consigo deixar de sentir o desespero e a revolta das famílias. Não consigo deixar de imaginar a  dor e o desespero das vítimas. Fico mesmo indignada e preciso extravasar de alguma forma.