segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Primavera (haicais)

(Fotografia: Andra Valladares)


(Para Andra)


"Festa de primavera -
a melodia que brota
na voz doce mel"

(Pestana, aka Hyô Kô


(*) obrigada por esse encantador haicai como presente de aniversário, Pestana! Grande abraço.


Cores da estação,
nos olhos da criança
as flores do jardim.

(Andra Valladares)

domingo, 25 de setembro de 2011

MANUTENÇÃO DE ENCANTAMENTO





MANUTENÇÃO DE ENCANTAMENTO
(PARA ANDRA VALLADARES)
(Horacio Xavier - © Todos os direitos reservados)

Quanto mais o tempo passa
Mais me encanta sua palavra
Mais me encanta seu lamento
E aquele tão guardado,
Tão secreto juramento

Quanto mais o tempo é veloz
Mais me encanta sua voz
Mais me encanta sua lida
E a ainda tão linda,
Tão predestinada vida

Quanto mais convivência o tempo propicia
Mais me encanta sua poesia
Mais me encanta seu canto,
Que a cada novo poema
E a cada nova melodia,
Ainda continua a me embalar o pranto.





Obrigada por esse lindo presente de aniversário, Horacio, meu grande amigo! Muitos beijos!!!

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

DESPERTAR EM SETEMBRO




DESPERTAR EM SETEMBRO


Na estreia da primavera
revoa a passarada,
entoando mil quimeras
ao luzir da alvorada.

O sol, se espreguiçando,
não demonstra qualquer pressa...
E a lua, já desbotando,
não quer se ausentar da festa!

No céu, estacionam as nuvens,
que também vêm desfrutar
desse mágico espetáculo
do passaredo a cantar.

Voejando bem ligeiros,
prefilam-se nos beirais,
os sabiás, bem-te-vis,
canarinhos e pardais.

Celebrando a alegria
da revisita de Vênus,
flores e amores despertam
nesta manhã de setembro.

(Andra Valladares)


(*) poema publicado na Antologia Pórtico XV, organizada por Goulart Gomes. Scortecci Editora. 2010


quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A PIPA





A PIPA




Voando alto
no céu anil,
a pipa embala
o sonho infantil...

Seguindo o vento
de lá pra cá,
reina tranquila
em seu altar!

Voando leve,
dançando solta,
sua rabiola
não se enrola.

Quanta alegria,
que coisa bela!
Queria mesmo
voar com ela...

Voa a pipa, lá no céu...
Lindo sonho de papel.
Voa... voa... norte... sul...
Colorindo o céu azul.


(Andra Valladares)



(*) Na verdade este texto trata-se da letra de uma música que fiz no ano de 2006 para o meu filho Gabriel, quando ainda estava grávida. Acordei de madrugada e a música surgiu... Somente a última estrofe (que está com a métrica em redondilha maior) é que criei depois para fazer o refrão.

(Publicado no site: O Melhor da Web em 22/04/2009 - Código do Texto: 18504)





POEMA UTILIZADO PARA FINS DIDÁTICOS PELA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO RIO DE JANEIRO, PÁGINAS 30 A 32 DO CADERNO DE ATIVIDADES. PARA CONFERIR, CLIQUE AQUI

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

PIANO




PIANO

Tocando notas
pelo seu corpo,
componho um sonho.

Doces acordes
dessa canção,
sua alma expande...

No encantamento
da melodia
nos entregamos.

Ária secreta
que partilhamos
com intensidade.

Um sonho assim,
gravado em notas
de amor tão puro,

calmo sussurro
que há de alcançar
a eternidade...


(Andra Valladares)

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

VERSOS PARA UMA RUA MODERNA...



Outro dia estava passando por uma rua no bairro Praia da Costa, próximo ao Centro de Vila Velha. Era uma rua bonita, larga, sem saída, que na minha época de infância certamente estaria repleta do alarido das crianças correndo, jogando bola, soltando pipa, rodando pião, brincando de pique, subindo nas árvores... 

Contudo, apesar de ser uma bela manhã de sol, a rua estava deserta e fiquei com a sensação de perda, sentindo um enorme vazio... Fiz uma viagem ao passado, entre as décadas de 70 e 80 e me bateu uma grande saudade da Rua Trindade, localizada no bairro Jardim Guadalajara em Vila Velha, onde passei minha infância e residi até os 25 anos, quando me casei. Naquela época a violência não era tão grande como nos dias atuais e as crianças brincavam na rua sempre. Então, vendo aquela rua tão agradável completamente deserta e silenciosa, lembrei-me da cantiga de ninar "se essa rua fosse minha". Pensei até em escrever um texto ou um poema sobre essa sensação que tive, mas  acabei esquecendo desse episódio. 

Nesta semana, contudo, estava procurando um livro em uma biblioteca e encontrei a publicação "Nas Asas do Vento", primeiro livro de poemas de Marilena Soneghet (de quem sou fã declarada) e me deliciei com diversos poemas até que me deparei, na página 32, com poema "Versos para uma rua moderna", todo versejado em redondilha maior e dotado de uma musicalidade incrível. Puxa, quisera eu ter escrito essa pérola poética! Apesar de retratar outra época, provavelmente os anos  50, também tem muito do sabor da minha infância.   

Assim, transcrevo abaixo a poesia da querida Marilena Soneghet, que além de escrever com uma delicadeza incomparável ainda tem o dom da oratória e declama divinamente seus textos  e eu, que tive o privilégio de vê-la (e ouvi-la) declamando "ao vivo" em algumas ocasiões, leio o poema ao mesmo tempo em que imagino sua voz ao fundo, cantando: Se essa rua fosse minha, eu mandava ladrilhar...


Versos para uma rua moderna

“Se essa rua fosse minha,
Eu mandava ladrilhar”

Com caquinhos de lembranças
para o meu amor sonhar.
Caminhando nessa rua
que não é minha nem sua,
rua sem identidade,
triste, vazia... tão nua,
me pergunto – o que fizeram?
Desumanizaram as ruas.
Elas nunca conheceram
as cantigas de ciranda
e nem nunca despertaram,
na manhã enevoada,
com os tamancos do padeiro
ressoando na calçada.
jamais tiveram comadres,
numa roda de cadeiras
trançando seus pobres sonhos
nas noites enluaradas.
Enquanto isso as mocinhas,
Aos grupos, de braços dados,
Prá lá e prá cá se exibiam
aos futuros namorados.
Pobres ruas de hoje em dia!
Sem candeeiros, sem lua,
sem crianças, sem poesia,
quando desce a madrugada
e a neblina se insinua,
elas não têm serenata;
jazem, como abandonadas;
sem histórias, sem canções,
sem velhos fantasmas, nada!

“Se essa rua fosse minha,
eu mandava ladrilhar”

Com caquinhos de lembranças
para o meu amor sonhar.


(Marilena Soneghet Bergmann)