quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Andra, Canta! (Regina Lúcia Pinto Rangel)




Andra, canta!
Canta, Andra.
Busque nas entrelinhas do seu "EU"
A melodia do seu coração!
Na madrugada serena
Fale pra lua, diga pra ela:
Eu canto! Às vezes desafino
Mas eu canto! Canto meus sonhos!
Canto minhas mágoas!
Canto-me sempre.
As amarguras das minhas entranhas
canto, canto, canto.

Canta, Andra!
Encante os seus almejos!...
Livre-se dos seus pesadelos,
Toque no seu ritmo!
Grave todas as letras na sua'lma
E aguarde os aplausos inconfundíveis
dos seus eternos admiradores...
Os seus amigos anjos interiores!

(Regina Lúcia Pinto Rangel)





Eu e Regina


Minha amiga Regina escreveu este poema enquanto eu cantava e tocava violão no dia do meu aniversário (24/09/2010). Obrigada, Regina querida... Um poema é sempre um presente valiosíssimo por ser inquebrável, incalculável e inesquecível!   

Andra

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Despertar em Setembro


Imagem: "September" (Jeffrey Bedrick)


DESPERTAR EM SETEMBRO


Na estreia da primavera
revoa a passarada,
entoando mil quimeras
no luzir da alvorada.

O sol, se espreguiçando,
não demonstra qualquer pressa...
E a lua, já desbotando,
não quer se ausentar da festa!

No céu, estacionam as nuvens
que também vêm desfrutar
desse mágico espetáculo
do passaredo a cantar.

Voejando bem ligeiros,
perfilam-se nos beirais,
os sabiás, bem-te-vis,
canarinhos e pardais.

Celebrando a alegria
da revisita de Vênus,
flores e amores despertam
nessa manhã de setembro.


(Andra Valladares)


terça-feira, 21 de setembro de 2010

Haicais (Fim do Outono)

Termina o outono -
colorindo o dia cinza,
azuis borboletas.

(Andra Valladares)


Clima agradável,
com a paisagem opacenta,
despede-se o outono.

(Andra Valladares)

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

ROTINEIRAMENTE



ROTINEIRAMENTE



Colocou a mesa para dois,
como sempre fazia...
E jantou assistindo TV,
como sempre fazia...
Lavou apenas um prato,
como sempre fazia...
Verificou portas e janelas,
como sempre fazia...
Vestiu a camisola, soltou os cabelos,
como sempre fazia...
Rezou o terço baixinho,
como sempre fazia...
Apagou a última lâmpada,
como sempre fazia...
Deitou-se na cama fria,
como sempre, sozinha.



(Andra Valladares)

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

HAIGAS



Tarde de verão,
o velho mar murmura
segredos de espuma.

(Andra Valladares)

(FOTO E HAICAI: ANDRA VALLDARES)







À luz da lua cheia
palavras são dispensáveis.
Ah! O amor...

(Andra Valladares)

(FOTO E HAICAI: ANDRA VALLDARES)






Tarde acinzentada,
apenas nos reflexos
os barcos se movem.

(Andra Valladares)

(FOTO: JIDDU SALDANHA - HAICAI: ANDRA VALLDARES)







O HAIGA É UMA COMPOSIÇÃO ARTÍSTICA DE ORIGEM JAPONESA QUE ALIA A IMAGEM  (DESENHO, PINTURA OU FOTOGRAFIA) À POESIA.





 

sábado, 11 de setembro de 2010

11 DE SETEMBRO (COLETÂNEA DE POETRIX)





 
11 DE SETEMBRO

Nove anos depois...
As torres gêmeas
continuam ruindo.

(Andra Valladares)
 



TORRES GÊMEAS  
Onze de setembro. 
Dissipou-se a poeira, 
restou o vazio.

(Andra Valladares)  




TESTEMUNHA DA HISTÓRIA

 Setembro trágico. 
Ainda dói-me o desespero do suicidas 
no derradeiro voo.
(Andra Valladares)




ATAQUE TERRORISTA

Mísseis, para quê?
Depois da tragédia, os aviões
explodem no imaginário coletivo.

(Andra Valladares)



SÉTIMA ARTE

Nem o mais imaginativo dos diretores
seria capaz de tamanho estrago...
A vida imita a arte?!


(Andra Valladares)


sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Canção do Agreste (Andra Valladares)



Canção do Agreste


Enxada no ombro,
peso da vida...
Na minha lida,
quente é o chão.
A terra é morta,
o sol castiga.
pés descalços
sofrem na estrada.
Felicidade?!
Não tenho não...

Meus passos tecem
triste destino,
desde menino
levo essa cruz...
A seca é “braba”,
maltrata a gente,
seja clemente
meu bom Jesus!

Seja clemente
com essa gente
que no sertão
vive a lutar.
Mande a chuva
fecundar a terra,
pro meu trabalho
amenizar.


(Andra Valladares)


(*) o poema “Canção do Agreste” obteve a 1ª colocação no concurso literário “Maria Stella Novaes – 2005”, organizado pela Academia Feminina Espírito-Santense de Letras, sendo publicado no mês de dez/2005 no livro “Dança das Palavras” também organizado por referida academia.

http://www.poetas.capixabas.nom.br/Poetas/detail.asp?poeta=Andra%20Mara%20Valladares%20Sarmento

http://www.blocosonline.com.br/literatura/autor_poesia.php?id_autor=2969&flag=nacional

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

NATUREZA (Acróstico)



Nada é tão belo que não possa sucumbir
Ante o jugo da impiedosa poluição.
Turvando o céu, pesando o ar, matando rios;
Uma chaga purulenta espalha a destruição.
Rezem crianças, pelo fim desse martírio!
Este planeta de cuidados necessita.
Zelem pelo que resta: um sopro de vida...
A natureza estende a mão e agoniza.

(Andra Valladares – 19-09-2006)


(*) trata-se de um poema ACRÓSTICO onde as letras que iniciam cada frase dão origem à uma palavra quando lidas na vertical, neste caso a palavra é NATUREZA. 



quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Samba do Boêmio (letra de música)






Samba do Boêmio

Sempre pensei que a vida
era grande aventura pro sonhador
e que a despedida se transformava
num grande amor.

Quanta ilusão cultivei
nessa vida repleta de amores vazios.
Hoje minhas contas encerro no samba
e lamento o tempo perdido...

Saudade, eis aqui um sofredor
que ficou na solidão, 
sem carinho, sem razão
para tanto desamor.

Tristeza, vá-se embora, por favor...
Pois pretendo um só momento
de silêncio e sentimento
pra calar a minha dor.

(Andra Valladares)



Um fato curioso sobre esta canção é que ela foi iniciada pelo final. Compus primeiro as duas últimas estrofes, registrei por escrito em um caderno e gravei a melodia em uma fita K-7. Vários meses depois escutei a fita e achei que aquilo estava muito bom para ser apenas um rascunho esquecido no caderno e então compus o início da música. Uma canção dedicada aos boêmios que tanto enriqueceram a nossa MPB, especialmente para Noel Rosa.

Esta música fará parte do CD que lançarei em breve e está disponível para audição no site MusicaES.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Encantamento (Horacio Xavier)

ENCANTAMENTO

(PARA ANDRA VALLADARES)


Encanto-me a cada palavra, cada rima, cada verso
Encanto-me por seu lamento
Por seu olhar, seu secreto juramento

Encanto-me a cada nota, cada som, cada acorde
Encanto-me por sua lida
Por sua sina, sua predestinada vida

Encanto-me por sua voz, sua poesia
A cada poema
A cada canto
A cada melodia que me embala o pranto


(Horacio Xavier - © Todos os direitos reservados)






Horacio, meu querido. Agradeço seu carinho e suas palavras tão lindamente lapidadas. Elas me emocionaram muito porque sei de sua sinceridade e sua sensibilidade.  Essa é uma preciosidade que guardarei para sempre em meu coração. 

Você é um guerreiro, justo, humano, íntegro a quem muito admiro e tenho  grande orgulho de chamar de amigo. 

Beijos poéticos.
Andra

A Concha



A Concha

Seu cálido olhar me embriaga
de sonhos inconfessáveis...
Quisera ser como a concha,
perdida à beira do mar,

que se deixa, sem rumo, levar
pelas ondas imperfeitas...
E mesmo depois de esquecida
em longínqua praia deserta,

guardar suave lembrança
de sua voz, dentro de mim,
num murmúrio, a confessar:

Não há mistério no amor,
somente a triste verdade:
sua sina é a saudade...


(Andra Valladares - 22/08/2004)

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Alguns Poetrix


CORRENTEZA

Novas águas,
mesmas pedras.
Rio de mim...

(Andra Valladares)



LUA

Cheia de crescente orgulho,
morre nova,
minguando...

(Andra Valladares)



ARÍETE

Meus muros,
seus ataques,
nossos cacos...

(Andra Valladares)



PANO CRU

O tempo é tecelão,
engendrando tramas
no tear do destino.

(Andra Valladares)



LAVADEIRA

Na beira do rio:
esfrega, bate, torce, canta...
Lava a alma!

(Andra Valladares)



TODOS OS TEXTOS ACIMA FORAM PUBLICADOS NA ANTOLOGIA POETRIX 3, LANÇADO EM 2009, ANO EM QUE FOI COMEMORADO 10 ANOS DA CRIAÇÃO DO POETRIX. OS POETRIX "CORRENTEZA" E "LUA" FORAM CLASSIFICADOS, RESPECTIVAMENTE EM 2º e 6º LUGAR NO CONCURSO INTERNACIONAL POETRIX 2008.



SOBRE O POETRIX:

É uma linguagem poética chamada de "minimalista" por ter como objetivo principal   a concisão, ou seja, "dizer o máximo com o mínimo". 

Estrutura: o poema é escrito em apenas uma estrofe com três versos, título e, no máximo, trinta sílabas métricas (excluíndo-se o título). O número de sílabas pode ser livremente distribuído entre os versos, contanto que não ultrapasse o máximo exigido. As rimas podem ser utilizadas ou não. 
 
O poetrix foi criado no Brasil e tem como idealizador o poeta baiano Goulart Gomes. Estudos sobre o poetrix são feitos em um grupo virtual na internet conhecido como Movimento Internacional Poetrix (MIP).

O MIP criou a BULA POETRIX, que é um conjunto de orientações para o aperfeiçoamento e uniformização deste gênero literário.

O Amor e o Mar

(*) Fotografia "Desamor" - Sissi


O Amor e o Mar
(Andra Valladares)


Tanto amor... tanto mar...
Sobre as vagas desse amor,
viajei...

Tanto mar... tanto céu...
Tanto azul sob o azul,
nem mais sei onde estou...
Tanto amor!

Me perdi,
assim,
de mim...

Tanto amar... tanta dor...
Ondas levam, ondas quebram,
sentimentos...

Sem amor nesse mar,
enrijeço com o frio,
meus lamentos, seus tormentos,
dissabor...

Tanto amor
naufraga
no mar!





(*) escrevi o poema acima tendo como inspiração a música "O Amor e o Mar" do maestro e pianista mineiro Aécio Flávio

http://recantodasletras.uol.com.br/audios/instrumentais/324

domingo, 5 de setembro de 2010

Eu e as Palavras


A poesia entrou na minha vida como uma necessidade, um alimento para aplacar a "fome" que existia em mim ... Um vazio que eu não sabia como administrar.

Procurei várias soluções para tampar esse buraco na alma mas nada resolvia. Quando comecei a aprender música percebi que o vazio estava diminuindo, então comecei a compor músicas e ele foi ficando cada vez menor. Para escrever letras de música precisei estudar a poesia e seus fundamentos, bem como conhecer a obra dos poetas consagrados. Então mergulhei de cabeça ... Esse foi um mergulho de corpo e alma!

Hoje escrevo por prazer, por necessidade ou como exercício. Escrevo coisas sérias, devaneios e coisas infantis ... Escrevo prosa, verso e música ... Escrevo, pois percebi que esse é o meu dom.

Sou uma bordadeira de palavras, com essas linhas coloridas teço paisagens que estão em mim e também aquelas que estão fora mas quero guardar para sempre aqui dentro.

Poetar e escrever é muito mais que brincar com as palavras ou moldar versos e frases... É dizer tudo aquilo que se quer, sem amarras ... Enfim, abrir as asas e voar!


(Andra Valladares)