sábado, 18 de maio de 2013

Ecos do Passado (soneto para Florbela Espanca)



ECOS DO PASSADO
                         
                                        A Florbela Espanca  

Sou aquela que de alvor anda exaurida.  
Caminhante que no mundo não tem norte.
Entre a pena e o papel, sou foragida
em vivências que se operam à própria sorte.

Não sei bem como domar tamanha ânsia
que às vezes, feito fera, me consome.
É que brota no meu peito uma abundância
e ao reverso, continuo a sentir fome.

Nessa busca de um amor que me abasteça,
quiçá possa almejar mais do que mereça,
por nutrir sentimentos tão controversos.

Talvez seja o meu destino seguir só
mas não creio que minha sina há de ser pó.
Eis que existirei nos ecos dos meus versos.


(Andra Valladares)