segunda-feira, 27 de agosto de 2012

APENAS UM OITIZEIRO...







APENAS UM OITIZEIRO...


Vila Velha/ES, 03 de agosto de 2011, 17h10min. Estava dentro do carro aguardando a abertura do portão do Colégio Marista para buscar meu filho, quando algo atraiu minha atenção. Próximo à esquina, na calçada de uma casa, um oitizeiro de tamanho modesto parecia um verdadeiro imã de atração para uma espécie de passarinho que, infelizmente, não consegui identificar a espécie. Não eram pardais, pareciam menores e com o rabo mais comprido, contudo, isso é o que menos importa. Relevante é saber a diferença que apenas uma árvore pode fazer...

A passarinhada parecia ter um encontro marcado. O primeiro bando que atraiu minha atenção tinha pelo menos vinte aves. E elas continuaram chegando, às vezes em bandos menores com dez, noutros com cinco ou seis, ou ainda, em trios, pares ou sozinhos. O fato é que não paravam de chegar a cada intervalo de cinco a dez segundos. Permaneci no local por aproximadamente sete minutos, e neste tempo exíguo pelo menos uma centena de aves foi acolhida pelo pequeno oitizeiro.

Observando o remexer das folhas, era claramente perceptível a movimentação do passaredo entre os galhos, cada qual se acomodando em seu lar verde. Talvez por essa espécie de árvore ter folhas pequenas em grande quantidade e essas pequenas aves se sentirem mais protegidas da friagem noturna, tenham escolhido o oitizeito como seu point.

Olhando ao redor, percebi que havia muitas outras árvores, de diversos tipos e tamanhos próximas ao oitizeiro, mas nenhuma delas tinha o mesmo poder de atração. Não para aquela espécie de ave e muito menos na mesma quantidade. Ele era mesmo um encantador de pássaros!

Do outro lado da rua, no quintal de outra casa havia uma bela e frondosa mangueira, mas pelo que pude perceber, poucos pássaros a procuraram como abrigo. Assim como as velhas árvores, repletas de cipós, existentes no estacionamento do Colégio Marista.

Desliguei o rádio para escutar as avezinhas e elas pareciam pessoas chegando em casa e contando as novidades, era um falatório  de dar gosto! Todas piando ao mesmo tempo. Algumas aves também pousavam nos fios elétricos próximos à árvore, como se estivessem curtindo os últimos minutos da tarde e aguardando o momento certo para se recolher.

Então, uma ideia trágica invadiu meu pensamento. Imaginei se aquela árvore tivesse sido derrubada ou se nela fosse feita uma "poda" daquele tipo em que só restam os galhos mais grossos sem nenhuma folha e aqueles pequenos pássaros, talvez duas centenas deles, estivessem chegando naquele momento e pousando nos fios elétricos próximos, sem saber o que havia acontecido com seu abrigo.

Assim, também me imaginei voltando para casa com meu filho e ao chegar no local não encontrasse a árvore de concreto que escolhi para me abrigar. Se meu prédio fosse destruído e tanto eu quanto todos os meus vizinhos perdêssemos nossos ninhos e ficássemos todos na rua, sem saber o que fazer ou para onde ir... Como nos sentiríamos tristes, desprotegidos e desorientados!

O problema de grande parte dos seres humanos é pensar que tem mais direito sobre o mundo que as outras espécies que nele habitam. Achar que tem o direito de maltratar outras espécies de animais e plantas, ou tratá-las com desrespeito, como se fossem seres inferiores, indignos de viver.

Contudo essas pessoas incorrem em um ledo engano, pois nós, "pobres seres humano", dependemos diretamente das plantas, insetos, aves e outros animais para sobreviver. O dia que conseguirmos exterminar esses pequenos seres e desequilibrar o planeta ao ponto de não haver mais como voltar atrás, estaremos sim, decretando a morte também dos seres tão superiormente egoístas e estúpidos que somos!

Finalmente, gostaria de acrescentar que nesta semana, li no jornal Gazeta Online, que alguns moradores de Ilha dos Ayres, bairro de Vila Velha, ficaram revoltados com a Prefeitura, por ter determinado o corte de cinco das sete árvores que haviam na Pracinha do bairro. Dentre elas, castanheiras e ficus, com a patética alegação de que essas árvores possuem raízes fortes que podem danificar as "calçadas cidadãs" que a Prefeitura fará para revitalizar a pracinha... Esse é o preço do famigerado progresso?

"Que se dane a vida dos "seres inferiores", nosso concreto é mais importante!"  (Sentença final)



http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2011/07/a_gazeta/minuto_a_minuto/916665-cortes-de-arvores-deixa-moradores-revoltados-em-ilha-dos-ayres-vila-velha.html




domingo, 26 de agosto de 2012

O RESTAURANTE DO SACI (conto infantil)




O RESTAURANTE DO SACI
(Gabriel Sarmento e Andra Valladares) 


Diz a lenda que certa vez o Saci abriu um restaurante especial para seus amigos da floresta.

O Curupira estava fazendo aniversário e foi ao restaurante do Saci para comemorar. O Saci serviu para ele uma bela salada de frutas com maçã, banana, kiwi, uva e mel. Quando o Curupira sentou-se à mesa para comer, outros amigos que estavam escondidos apareceram e gritaram:

- Surpresa!

Os amigos, Caipora, Boitatá, Lobisomem, Mula-sem-cabeça e Iara chegaram cantando, um “parabéns pra você” diferente do que se canta na cidade. A música de aniversário deles era assim: “Parabéns pro Curupira, ele cuida da mata e é da nossa família das lendas brasileiras.”

Depois de cantar e cumprimentar o Curupira pelo aniversário, todos quiseram comer pois estavam com muita fome.

O Lobisomem pediu: - Quero um pedaço de carne “beeemmm grandeeee... Auuuuuuu!"

O Caipora falou: - Quero banana amassada com mel.

O Boitatá pediu: - Um peixe, pode deixar que eu mesmo o assarei no meu fogo.

A Iara falou para o Saci:

- Você vai ter que adivinhar o que eu quero. Vou dar uma pista... é uma fruta que tem a cor roxa.

O Saci afirmou: - Já sei... Jabuticaba!

A Iara disse: - Errou!

Ele falou: - Beterraba!

Dando uma risada, a Iara disse: - Desde quando beterraba é fruta, Saci? 

- Então, só pode ser uva... – falou o Saci.

- Sim, traga para mim! – exclamou a Iara.

A Mula-sem-cabeça, com sua voz cavernosa, pediu: - Quero unhas e dentes!

O Saci pensou: “- E agora?”

Então ele serviu os outros amigos que fizeram pedidos mais fáceis e falou para a Mula-sem-cabeça que iria providenciar o que ela havia pedido. Feito isso, pegou uma tesoura, entrou em seu redemoinho e foi direto para o Sítio do Pica-Pau Amarelo.

Chegando ao Sítio, contou a todos que precisava atender ao pedido da Mula-sem-cabeça e pediu para cortarem as unhas para levar para ela. 

O Pedrinho perguntou: - Mas a Mula-sem-cabeça quer só quer unhas?

O Saci disse: - Pior é que não... Ela também quer dentes! E se ficar com muita fome pode até atacar alguém...

Narizinho, com a cara assustada, falou: - As unhas eu corto mas meus dentes eu não dou não! 

Todos ficaram espantados e o Visconde falou: - E agora, o que podemos inventar para acabar com a fome da Mula-sem-cabeça?

A Emília deu um sorriso matreiro e falou: - Tive uma ideia bonecal! Tenho a solução para esse problema e ela está lá na minha canastrinha...

Falando isso, partiu correndo para o quarto da Narizinho, pegou sua canastrinha e voltou às gargalhadas para a sala.

- Aqui estão seus dentes, Saci! – falou a Emília, retirando de dentro da canastra uma dentadura velha de Dona Benta.

Dona Benta, meio sem graça, falou : - Mas que boneca atrevida!... Onde você achou isso, Emília?

- Ah... Encontrei, por aí... A senhora não ia querer mesmo essa dentadura velha faltando um dente da frente, né? Diz que não, por favor... – respondeu a boneca com a cara mais sapeca do mundo.

Dona Benta, segurando o riso e sabendo da gravidade da situação, rendeu-se ao pedido da Emília, dizendo:  - Não Emília... Essa boneca não tem jeito mesmo...

Então a boneca disse: - Pronto Saci, seu problema está resolvidíssimo, agora é só arrancar os dentes da dentadura e dar para a Mula-sem-cabeça, ela nem vai perceber a diferença.

A Tia Nastácia, fazendo do sinal da cruz, falou baixinho para Dona Benta: - E esse “Coisa Ruim”?  O que será que vai querer comer? Tomara que não passe pela minha cozinha e bagunce tudo...

O Saci agradeceu a todos, pegou as unhas cortadas, a dentadura, fez uma cara peralta e deu uma risada: - Eheheheh... – sumindo no mesmo instante em direção à cozinha.

Na cozinha ele encontrou um bolo de milho apetitoso que a Tia Nastácia havia acabado de preparar  para o café da manhã do dia seguinte e ainda estava quentinho...

Então, de lá mesmo, o Saci gritou: - Sinhá Nastácia! A cozinha não vou bagunçar mas esse bolo de milho eu vou levar!... Ehehehe...

Tia Nastácia foi correndo para a cozinha mas apenas sentiu o ventinho do redemoinho do saci, ele já havia sumido...

Fazendo o sinal da cruz, ela disse:  – Ah, seu pestinha! Ainda pego sua carapuça e te coloco na linha...

Então o Saci voltou para seu restaurante e entregou para a Mula-sem-cabeça as unhas e os dentes da dentadura. Ela comeu e perguntou: - Onde você conseguiu esses dentes, Saci?

Ele disse que era segredo e não podia contar. E perguntou: - Por que você não gostou?

Ela disse: - Se gostei? Eu adorei e virei sempre ao seu restaurante para comer mais...

O Saci deu um sorriso amarelo e falou: - Que bom! Eheheh...

Depois disso, perguntou aos outros amigos se haviam gostado de seus pratos e todos elogiaram a comida.

Então disse o Saci: - Agora que estão todos satisfeitos, quem vai comer sou eu... E vai ser esse espetacular bolo de milho feito pela maior quituteira de todas as histórias... hum!...

Os amigos falaram em coro: - Sobremesa? Também queroooo!

O Saci segurou o bolo de milho, arregalou os olhos e rapidamente finalizou o assunto: - Epa! Está na hora de vazar... Restaurante fechado, não vai mais funcionar !!!... Eheheh...

E desapareceu no vento... 

FIM



** TODOS OS DIREITOS RESERVADOS ** 

- Estou muito feliz com esse novo parceiro que consegui para me ajudar na criação de histórias. Esse importante parceiro é ninguém menos que meu filho Gabriel com toda a sabedoria, inventividade e ingenuidade de seus cinco anos de idade. Ele adora os mitos e lendas do Brasil, já li vários livros para ele sobre o assunto. Ele começou a criar essa história e eu fui escrevendo, quando se cansou comecei a inventar e ele também me ajudou dando seus pitacos.  

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

MENINICE (poema infantil)





























Para crianças de 1 a 99 aninhos...

Escrevi esse poema em 2004 e recentemente ele foi musicado por mim e por meu parceiro Barbosa Lima. Ontem a música MENINICE entrou para o repertório do grupo lítero-musical VOZES DA VILA e também fará parte de um projeto infantil que estou montando.

** TODOS OS DIREITOS RESERVADOS **