terça-feira, 25 de junho de 2013

MANIFESTO (acróstico)


Meu sangue por um ideal
Antes que tudo se perca.
Não sonho com coisas banais,
Infeliz de quem as aceita!
Faço da vida a jornada
Em busca da justiça e paz.
Sob o manto da impunidade,
Todos os níveis dos três poderes constitucionais. 
O avesso, do avesso, do avesso, do meu cartaz!


(Andra Valladares)





segunda-feira, 24 de junho de 2013

ZEN



** PARA MELHOR COMPREENSÃO E APROVEITAMENTO DO TEXTO, 
ESQUEÇA A PRESSA,  RESPEITE AS PAUSAS DE RESPIRAÇÃO E 
BOA VIAGEM!**


Zen
                                                                                                                          
No horário do almoço, incomodada com uma enxaqueca resultante do estresse sofrido no trabalho, Celeste resolveu fugir de todo aquele alvoroço no coração de São Paulo. O dia estava quente. As pendências se acumulavam sobre sua mesa, mas ela decidira que faria algo diferente e aproveitaria cada minuto do seu descanso. 


Caminhou algumas quadras até chegar ao Parque Ibirapuera. Procurou um local agradável e fresco perto do lago. Sentou-se confortavelmente na grama, recostada em uma árvore frondosa, fechou os olhos e respirou fundo. Concentrou-se na respiração, aos poucos, foi retirando da mente todos os pensamentos. Isso fez com que cada partícula de seu corpo fosse relaxando lentamente...


Inspirando...expirando...inspirando...expirando... inspirando...expirando...


Ali tudo era paz. Ela sentia a brisa tocando delicadamente sua pele, ouvia os pássaros cantando. A cada inspiração todos os aromas daquele local mágico se misturavam em suas narinas e traziam um pouco daquela bela paisagem para dentro de seu corpo. 


Inspirando...expirando...inspirando...expirando... inspirando...expirando...


Sentia sua aura expandir, emanando uma energia harmoniosa e pulsante. Seu corpo parecia desmaterializar, misturando-se à grama, à terra, às árvores e à água do lago. 


Inspirando...expirando...inspirando...expirando... inspirando...expirando...



O coração batia em um compasso lento, a alma desgarrou-se, planou no vento... Voou sobre a cidade cinza mas agora ela fazia parte do azul... Nada que se passava lá embaixo a incomodava, nenhum problema existia. O tempo parou. A única coisa importante naquele momento era planar no azul profundo e límpido no qual morava seu sonho de paz. 



Inspirando...expirando...inspirando...expirando... 



Sentiu a leveza, a liberdade plena. A abóbada celestial, refúgio para seus olhos em ocasiões especiais ou difíceis era agora o espaço que lhe cabia. O céu, o limite do sem-fim, lugar exato para medir a extensão da sua alma. Deu a volta ao mundo. Estendeu seus braços de luz e abraçou o planeta - a Terra - o grande útero, com suas incontáveis espécies, todo seu mistério de criação e multiplicação da vida. Fundiu-se com as nuvens e choveu...


Inspirando...expirando...inspirando...expirando... 

Despencou do céu, virou semente... Germinou, cresceu e experimentou a delicadeza de ser uma flor gingando com a brisa e espalhando seu perfume. Sentiu-se prestigiada com a visita dos colibris e das abelhas na busca do seu néctar. Nas patas das borboletas voou e espalhou seu pólen, multiplicou-se...

Inspirando...expirando...inspirando...expirando... 

Agora estava completamente dispersa. Era o Todo em seu corpo imaterial: o ar, a água, a terra, o fogo. Era um pouco de tudo, fazia parte da engrenagem que movia o universo. Era uma partícula de energia cósmica, poeira estelar... E então, tornou-se energia pura. Crescente... Crescente... Crescente... Tomou proporções inimagináveis e começou a atrair tudo para si: os planetas, as estrelas, as galáxias, os cometas... Nem mesmo a luz lhe escapava. Acumulou uma energia extremamente potente e poderosa. Explodiu e recriou o universo, que se acomodou inteiro dentro dela. 

Inspirando...expirando...inspirando...expirando... 

Voltou ao seu corpo original. Viu-se vestida em trajes de luz, caminhando por uma alameda de terra fofa e úmida com centenas de árvores perfumadas e perfiladas, que pareciam dançar suavemente com vento. A estrada era longa e ela caminhava calmamente, sentindo o perfume da terra molhada e a sensação deliciosa da massagem que o chão morno e macio proporcionava aos seus pés cansados. Ao final da estrada, havia um belo jardim e no seu centro uma igrejinha branca com o campanário alto onde sinos repicavam... 

Ela foi voltando lentamente... Inspirando...expirando...inspirando...expirando...

E o mundo real começou a surgir, com o som do despertador do seu celular que tocava. Ou era o som dos sinos do campanário? Vagarosamente, abriu os olhos e contemplou o lago manso sendo enrugado pela brisa. À margem, uma libélula azul tentava se equilibrar no capim que balançava. Então, entendeu que aquela cena era também parte da engrenagem silenciosa que movia o universo. 

Sentiu-se parte daquele momento sublime, para o qual o tempo não fazia nenhum sentido. Agora, sabia que toda a matéria do universo se interligava com fios invisíveis de energia. 

Ela era mesmo uma pequena parte do cosmo e continha em si todo seu potencial energético, fisicamente aceso pela breve fagulha da vida. A contagem do tempo, que os seres humanos tanto valorizavam, apenas servia para camuflar essa verdade universal. 

“O tempo não existe, a morte não existe. Há apenas a transformação da matéria em energia cósmica. Ah, se todos soubessem disso, como o mundo seria diferente!” – pensou. 

O silêncio foi quebrado pelo canto do bem-te-vi e isso a fez lembrar que estava na hora de retornar ao trabalho. Mais uma vez, profundamente, inspirou e expirou. 

Levantou-se e viu que já começava a se atrasar. Mas com o espírito zen seguiu calmamente, aproveitando cada detalhe que poderia captar do parque naquele momento. Parecia caminhar sobre nuvens. Sentia-se envolta em um manto de tranquilidade e felicidade imensas. Lembrou-se do motivo que a havia levado ali, aquela terrível enxaqueca, que agora havia desaparecido por completo. 

Ligou o celular, que no mesmo instante começou a tocar, e o atendeu calmamente, enquanto seguia devagar para o trabalho. Agora, porém, com as baterias de paz e confiança recarregadas, já planejando sua próxima visita ao parque. 

Inspirando...expirando...inspirando...expirando...

Assim que saiu do parque encontrou um rapazinho, sujo, magro, com os olhos vidrados e vazios. Sentiu uma vontade enorme de conversar com ele e contar-lhe tudo que havia descoberto. Porém, antes de pronunciar uma só palavra, ele lhe apontou um revólver e pediu dinheiro. No seu íntimo, ela sentia que não corria perigo. Abriu a bolsa e procurou aquilo que o rapaz pedira. Encontrou somente algumas moedas e ofereceu a ele, sorrindo. Ele recusou as moedas e interpretou o sorriso como zombaria... Puxou o gatilho: uma, duas, três vezes... 

Ela caiu e olhou para o céu.

Inspirando...expirando...inspirando...expirando...

Uma pequena multidão se aglomerou à sua volta, ela olhou para as expressões assustadas, revoltadas e comovidas. E para o total espanto daquelas pessoas, sussurrou: “Fiquem tranquilos, não vou morrer...

Voltou novamente os olhos para o azul e sorriu... 

Inspirando...expirando...inspirando... 

Virou luz... Eternidade...


  (Andra Valladares)



quarta-feira, 19 de junho de 2013

BRASIL! ( ESSA É A NOSSA COPA )


Caminhos (Andra Valladares)

 **Brasília - 17 de junho de 2013 **
"Nunca se viu tanta gente honesta no Congresso" (autor desconhecido)




Apesar de se encaixar bem no momento atual por falar sobre a importância das atitudes e escolhas na construção dos caminhos que criamos para nossas vidas, esse poema foi escrito no ano de 2006 e publicado no  "Livro de Ouro da Poesia Brasileira Contemporânea - Edição 2007", organizado pela Câmara Brasileira de Jovens Escritores (CBJE).




sábado, 18 de maio de 2013

Ecos do Passado (soneto para Florbela Espanca)



ECOS DO PASSADO
                         
                                        A Florbela Espanca  

Sou aquela que de alvor anda exaurida.  
Caminhante que no mundo não tem norte.
Entre a pena e o papel, sou foragida
em vivências que se operam à própria sorte.

Não sei bem como domar tamanha ânsia
que às vezes, feito fera, me consome.
É que brota no meu peito uma abundância
e ao reverso, continuo a sentir fome.

Nessa busca de um amor que me abasteça,
quiçá possa almejar mais do que mereça,
por nutrir sentimentos tão controversos.

Talvez seja o meu destino seguir só
mas não creio que minha sina há de ser pó.
Eis que existirei nos ecos dos meus versos.


(Andra Valladares)



domingo, 28 de abril de 2013

Serenata (Tema de Estácio)




Serenata (Tema de Estácio) 


Helena, tu me apareces, 
tão de repente,
envolta num véu proibido 
de sedução.

E assim, como aliada, 
vens, mansamente,
afastando o torpor 
do meu coração. 

Tu tens algum segredo
gravado no olhar,
tua aura de mistério
encanta!

Helena, mãos prestimosas,
coração cálido,
tens o imenso esplendor
das constelações de estrelas.

Mesmo que não queira,
não há como evitar...
Pra sempre, Helena, vou te amar!


(Andra Valladares)
27/04/2013


(Canção para Helena da obra de Machado de Assis)

PARA ASSISTIR O VIDEO DA MÚSICA NO YOUTUBE, CLIQUE AQUI.

domingo, 14 de abril de 2013

Haicai de outono (sanhaço)




Passeando com meu cão hoje pela manhã observei uma cena que me inspirou esse haicai:


"Festa dos sanhaços,
no mamoeiro do quintal -
os frutos maduros".

Andra Valladares
14/04/2013

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Tarde de outono




Homenagem ao meu pai, que neste dia 11 de abril, estaria completando 65 anos. 
Muitas saudades!

Poesia, poesia e mais poesia...

O mês de março de 2013 foi muito especial para mim, tendo em vista que participei de um evento muito importante e outros encontros poéticos bastante significativos.


O primeiro deles foi minha posse na Academia Feminina Espírito-santense de Letras (AFESL), como membro correspondente representando a cidade de Vila Velha, a cerimônia foi realizada no dia 12/03/2013, no Auditório da Rede Gazeta, Vitória/ES.


 Eu e minha fada-madrinha Valsema Rodrigues

Acadêmicas da AFESL 



No dia 26 de março de 2013 ocorreram dois momentos poéticos muito importantes. O primeiro foi logo no início da tarde no Colégio Marista com alunos do 1º ano do Ensino Fundamental, que escolheram o nome da turma de TURMA DA POESIA. 

O Colégio Marista publicou em seu site uma matéria sobre meu encontro com a Turma da Poesia.
 http://marista.edu.br/nspenha/2013/04/04/turma-da-poesia-recebe-andra-valladares/


TURMA DA POESIA




Também no dia 26, a partir das 19 horas, juntamente com meus queridos amigos Horacio Xavier e Valsema Rodrigues tive a honra de fazer a abertura do TERÇA CULTURAL, projeto cultural organizado pela Secretaria de Cultura de Vila Velha em parceria com o Shopping Praia da Costa, que contou com a participação de poetas, grupo de teatro e terminou com uma apresentação musical.



 
Valsema Rodrigues, eu e Horacio Xavier



 

Torço para que projetos como esse se proliferem por nossa cidade, para que todo canela-verde possa conhecer um pouco do talento de artistas e escritores de sua cidade, uma vez que não há como valorizar algo que não se conhece. Agradeço mais uma vez à Secretaria de Cultura de Vila Velha pelo convite e também ao Shopping Praia da Costa pela realização do evento.




Andra Valladares, José Roberto Santos Neves, Valsema Rodrigues, Horacio Xavier, Lia Noronha








terça-feira, 9 de abril de 2013

AMPULHETA (poetrix)





Para quem quiser entender um pouco mais sobre o poetrix, segue uma breve explicação:

POETRIX

Em linhas gerais trata-se de um poema composto de título e apenas uma estrofe com três versos, que devem possuir no máximo trinta sílabas métricas.

Por ser um poema minimalista, o foco do poetrix é a concisão, ou seja, é desejável que mensagem seja passada com o mínimo possível de palavras e sílabas. 

Não existe obrigatoriedade de rimas nem métrica fixa em cada verso, contudo, é desejável o ritmo e a exploração da sonoridade das palavras. 

O poetrix foi inspirado no haicai, contudo, é muito mais abrangente, posto que pode versar sobre qualquer tema, enquanto o haicai é voltado para tema ligado à natureza e estações do ano.