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sábado, 6 de junho de 2015

MENSAGEM NA AREIA



MENSAGEM NA AREIA


Ontem caminhei pela praia, debaixo de uma chuva fina. A cada passo que dava, meus pés afundavam na areia. E a parte que havia sido molhada pela chuva dava lugar à areia seca que havia embaixo. A cada novo passo apareciam pegadas de areia seca, apesar de todo entorno formar uma vastidão de areia molhada.  

Após um tempo caminhando, sentei-me. A areia continuou atraindo minha atenção. Então, segurei um punhado de areia úmida na mão esquerda e outro punhado de areia seca na direita. Estiquei os braços, direcionando as mãos à minha frente. Observei-as atentamente por alguns segundos e as inclinei, no mesmo ângulo.

A areia seca começou a se dispersar, enquanto a úmida mantinha-se firme. Inclinei um pouco mais as mãos, e o restante de areia seca rapidamente foi-se; enquanto o punhado que havia na outra mão continuava inerte. Aumentei a inclinação um pouco mais e a areia úmida desprendeu-se minimamente, permanecendo a maior parte. Somente quando virei a mão, num ângulo próximo de 90 graus em relação ao chão, ela esvaziou-se pela força da gravidade.

A areia estava úmida, não encharcada e compacta. Era apenas uma fina camada sobre a areia seca. Ainda assim, tinha uma resistência incrível de não desfazer-se.

Daí, tive esse insight, da “mensagem na areia”, nessa ilustração natural sobre as relações humanas. Da mesma forma como a areia, as relações perduram quando encharcadas de Amor. Elas não se dispersam com facilidade nesse estado. O amor dá “liga”, traz união, cria vínculos, opera milagres...

Enquanto que, sem amor, as relações tornam-se secas, dispersas, impessoais, soltas... Qualquer mínimo acontecimento ou afastamento é suficiente para que se desfaçam para sempre, sem nenhuma recordação marcante.

E o mais belo de tudo isso é que - com apenas um momento de amor incondicional, um ato de puro afeto - podemos ficar guardados, para sempre, na memória de alguém. O amor é imortal!

“Um ato de puro afeto, é verso
que reverbera poesia
no universo."


Andra Valladares


06/06/2015

domingo, 8 de fevereiro de 2015

GESTALT (poetrix)




FECHANDO GESTALT

Neste mundo atual,
quanto mais louco,
mais normal.

(Andra Valladares)


ABRINDO GESTALT

Neste mundo louco,
quanto mais normal,
mais oco.


(Juliana Venturini)

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

O Glaciar e o Amor (Andra Valladares) / Corsário (João Bosco e Aldir Blanc)



GLACIAR PERITO MORENO (PATAGÔNIA ARGENTINA)

O GLACIAR E O AMOR 
(Andra Valladares)


Eis um belo GLACIAR, azul como um pedaço do céu...
Que gela e queima a pele como o fogo.
Tão encantador e imenso que enfeitiça, provoca medo! 
Um colossal paredão de gelo que parece compacto 
mas rotineiramente libera pedaços enormes no mar
com roncos amedrontadores. 
O gigante se desfaz gradativamente... 
Suas partes descolam-se e saem navegando por aí,
como se fossem barcos de gelo desbravando os mares.
Até desaparecerem de vez com a ação do tempo
e a temperatura das águas. 

Eis um glaciar que gela e queima a pele como o fogo.
Ele é colossal, belo e amedrontador como o AMOR,
que arde, queima e também pode congelar... 

Ah, o AMOR... No início assemelha-se ao céu, 
igualmente enfeitiça e dá medo
por sua beleza e imensidão. 
Sentimento que, a princípio, transmite solidez 
mas acaba deixando seus pedaços
despencarem pela vida afora... 
Partes que vão ficando pelo chão, 
cobertas pela poeira da estrada, 
até o momento em que se tornam apenas 
uma vaga lembrança na memória.

Eis um azul, imenso e sólido amor.
Eis o tempo que o desgasta aos poucos  
e os ventos gélidos que o castigam...

Somente aqueles que conseguem manter
a temperatura adequada 
para conservar sua integridade
um pouco do seu encanto,
podem ter o benefício de vislumbrar
o azul, ou algum vestígio dele.


(Andra Valladares)
08/11/2013

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CORSÁRIO
(João Bosco e Aldir Blanc)

Meu coração tropical está coberto de neve,
mas ferve em seu cofre gelado,
a voz vibra e a mão escreve mar
bendita lâmina grave que fere a parede e traz
as febres loucas e breves que mancham o silêncio e o cais.

Roseirais, nova Granada de Espanha,
por você eu, teu corsário preso,
vou partir a geleira azul da solidão e buscar a mão do mar
me arrastar até o mar, procurar o mar.

Mesmo que eu mande em garrafas mensagens por todo o mar
meu coração tropical partirá esse gelo e irá
como as garrafas de náufrago e as rosas partindo o ar
nova Granada de Espanha e as rosas partindo o ar.

Vou partir a geleira azul da solidão e buscar a mão do mar
me arrastar até o mar, procurar o mar.

Mesmo que eu mande em garrafas mensagens por todo o mar
meu coração tropical partirá esse gelo e irá
como as garrafas de náufrago e as rosas partindo o ar
nova Granada de Espanha e as rosas partindo o ar.

Mesmo que eu mande em garrafas mensagens por todo o mar
meu coração tropical partirá esse gelo e irá.








sábado, 21 de setembro de 2013

AO SOM DO JAZZ (microconto)




AO SOM DO JAZZ

Anos 40. Em um bar parisiense a música estava animada e trazia alento para todos os soldados ali presentes. A luminosidade era fraca, havia muita fumaça no ar e altas risadas invadiam o ambiente a todo instante. Eles tentavam aproveitar ao máximo aquele momento para esquecer tantos meses de sofrimento e horrores vivenciados nos campos de batalha. Eram homens de sorte. Estavam vivos! Mereciam as mulheres, a música, a dança, a bebida, os cigarros e qualquer outro prazer que pudessem alcançar. Em dois dias estariam de volta ao inferno.


(Andra Valladares)
21/09/2013


(Escrevi hoje esse microconto na Oficina de Escrita Criativa ministrada pelo escritor curitibano Nils Skare. O exercício proposto era ouvir determinada música e depois escrever um texto de até 12 linhas baseado nas impressões que a música causara, descrevendo o ambiente e as pessoas que ali estavam. A música era um jazz daqueles bem antigos que me remeteram aos filmes sobre a segunda guerra mundial. Não sei exatamente qual foi a música proposta mas era mais ou menos neste estilo: http://www.youtube.com/watch?v=JJWwOgthhj8 ).

quarta-feira, 31 de julho de 2013

LEMBRANÇAS






L E M B R A N Ç A S


Foi o tempo que passou,
zombando te levou pra longe.
Sequer me avisou que ia ser assim,
a vida sem o seu amor.

Meu olhar se anuviou,
o mundo tão vazio agora se tornou.
Sem rumo, vou levando assim,
tão só, a minha dor...

Ah... Uma lagrima vai existir,
quando a saudade teimosa insistir...

Em buscar recordações,
seu perfume no vento
e acender o desejo 
que ainda existe em mim...

Em trazer as emoções,
 lembranças de outrora,
de um tempo tão feliz em que vivi
um grande amor... 


 (Andra Valladares / Sandra Sarmento)


(música composta no ano de 2003 em parceria com minha mãe)

domingo, 21 de julho de 2013

Parônimos (poetrix)



PARÔNIMOS

Na torre da igreja,
enquanto o sino soa,
o homem sua...


(Andra Valladares)




PARÔNIMOS : SUAR x SOAR


Percebi que muitas pessoas cometem o erro de trocar essas palavras, especialmente na linguagem falada, quando dizem: "Eu soo muito" ou "Ele(a) soa muito"; quando o correto seria dizer:
"EU SUO", "ELE(A) SUA".

Referidas palavras são denominadas PARÔNIMAS, pois apesar de sua SEMELHANÇA GRÁFICA e SONORA possuem SIGNIFICADOS DIFERENTES.

SUAR = transpirar
SOAR = tocar / ecoar

Por isso, criei o poetrix acima para facilitar a memorização da diferença entre estas palavras
.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

CANÇÃO DO VIOLEIRO (Castro Alves / Andra Valladares)




Há mais de cinco anos musiquei o poema CANÇÃO DO VIOLEIRO de CASTRO ALVES e somente ontem tomei vergonha e fiz uma harmonia básica para ele, abaixo segue o video que fiz com essa canção no estilo "lamento sertanejo". Tentei postá-lo várias vezes ontem mas o sinal da internet estava péssimo e todos ficaram com defeito no audio, esse ficou com alguns defeitinhos no video mas o audio ficou 100%. 



CANÇÃO DO VIOLEIRO

Passa, ó vento das campinas,
Leva a canção do tropeiro.
Meu coração está deserto,
Está deserto o mundo inteiro.
Quem viu a minha senhora
Dona do meu coração?

Chora, chora na viola,
Violeiro do sertão.

Ela foi-se ao pôr da tarde
Como as gaivotas do rio.
Como os orvalhos que descem
Da noite num beijo frio,
O cauã canta bem triste,
Mais triste é meu coração.

Chora, chora na viola,
Violeiro do sertão.

E eu disse: a senhora volta
Com as flores da sapucaia.
Veio o tempo, trouxe as flores,
Foi o tempo, a flor desmaia.
Colhereira, que além voas,
Onde está meu coração?

Chora, chora na viola,
Violeiro do sertão.

Não quero mais esta vida,
Não quero mais esta terra.
Vou procurá-la bem longe,
Lá para as bandas da serra.
Ai! triste que eu sou escravo!
Que vale ter coração?

Chora, chora na viola,
Violeiro do sertão.


Poema: Castro Alves / Música: Andra Valladares 




VIDEO NO YOUTUBE: http://youtu.be/t-aRD0zu6Tg

sexta-feira, 13 de julho de 2012

O PIRATA (poesia infantil)

ILUSTRAÇÃO: GABI ANDRADE


O PIRATA

O pirata matreiro
com espada de pau,
chapéu de caveira
e cara de mau,
faz muita marola...
Diz que quer tesouro
com prata e ouro
e enfrenta o mar bravio
com seu navio sombrio.
Mas não me engana não!
Esse tal pirata
nada tem de mau,
ele gosta mesmo
é de um bom prato
de mingau.

(Andra Valladares)

- TODOS OS DIREITOS RESERVADOS -




SEGUE ABAIXO O LINK DO POEMA MUSICADO NO YOUTUBE:
http://www.youtube.com/watch?v=pUeR2SMka9s


sexta-feira, 17 de setembro de 2010

ROTINEIRAMENTE



ROTINEIRAMENTE



Colocou a mesa para dois,
como sempre fazia...
E jantou assistindo TV,
como sempre fazia...
Lavou apenas um prato,
como sempre fazia...
Verificou portas e janelas,
como sempre fazia...
Vestiu a camisola, soltou os cabelos,
como sempre fazia...
Rezou o terço baixinho,
como sempre fazia...
Apagou a última lâmpada,
como sempre fazia...
Deitou-se na cama fria,
como sempre, sozinha.



(Andra Valladares)