24 de setembro de 1971, 15h40min.
Governador Valadares/MG,
Risquei o céu e caí na terra.
Governador Valadares/MG,
Risquei o céu e caí na terra.
Quase
dei adeus à vida no primeiro mês, numa tarde chuvosa. O carro no qual viajava
com meus pais e outros parentes rodou na pista e capotou, à beira de um abismo
e ao lado de uma enorme pedra. Com seis adultos no carro, todos sem cinto
de segurança; eu, recém-nascida, escapei ilesa por algum milagre. Poderia ter morrido
esmagada, com todas aquelas pessoas emboladas dentro do carro. Mas não. Não
era minha hora. Uma Mão, vinda do céu, me acolheu num lugar seguro,
poupando-me a vida pela primeira vez.
Quase
dei adeus à vida aos 7 anos. Numa tarde risonha, em que brincava na rua de pique-esconde com os amigos. Tentei subir em uma árvore, escorreguei de aproximadamente 2 metros de altura. Caí de cabeça na calçada. Desacordada, fui socorrida pelas vizinhas. Na queda, poderia ter quebrado o
pescoço ou sofrido um traumatismo craniano. Mas não. Novamente, a Mão
lá do céu, de alguma forma, amparou minha queda e escapei ilesa pela segunda
vez.
Quase
dei adeus à vida aos 17 anos. Numa manhã cinzenta, quando saia para a escola. Eu e o meu irmão mais novo, na calçada, com nossas bicicletas, esperávamos meu irmão do meio. Então, um fusca, dirigido por um vizinho
adolescente, virou a esquina rapidamente. A roda bateu em um buraco, e com o
impacto, o "motorista" foi arremessado pra trás e soltou o volante. O veículo desgovernado, na diagonal, veio exatamente na nossa direção. Foi
crescendo, crescendo, crescendo... Ali, eu vi a cara da morte. Mas, um metro
e meio antes de nos atingir, havia um meio fio. A roda dianteira direita bateu nele e fez com que a direção mudasse para o lado
oposto. Eu poderia ter sido esmagada contra o muro, juntamente com meu irmão. Mas não. Aquela Mão do céu, aproveitou o meio fio e deu um "empurrãozinho" naquela roda, eu sei. Escapei ilesa pela terceira vez.
Quase
dei adeus à vida aos 29 anos. Numa manhã cotidiana, em que chegava ao meu
escritório. Estava na frente do prédio em que trabalhava quando ouvi um grito. Parei e logo em seguida, dei um passo à frente. O suficiente para um tesoura enorme de
cortar grama, que havia escapulido das mãos de um homem, do quarto andar do
prédio; cair bem atrás de mim, a dois palmos de distância. Poderia ter
sofrido uma morte ridícula com uma tesoura de cortar grama rachando minha
cabeça. Mas não. De alguma forma, aquela mesma Mão do céu me empurrou para
dar aquele passo decisivo. E escapei ilesa pela quarta vez.
Sem contar outras situações em que a "Sra. Morte" andou me rondando e sem que me dessa conta, agradeço a Deus por operar esses e outros milagres na minha vida. Por me poupar e permitir que continue minha jornada e aprendizado neste planeta.
Especialmente, agradeço por ter me dado a oportunidade e honra de me tornar mãe de um anjo chamado Gabriel, que me fez compreender o mais sublime significado da palavra amor.
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Abrirei novamente as asas para o infinito.
(Andra Valladares)
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