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quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

A MORTE



Ele costumava ter sonhos premonitórios. Naquela noite, sonhou que estava olhando a face da morte. Acordou assustado e a ideia não lhe saiu da cabeça. Resolveu mudar seu itinerário para o trabalho. Pegou outro ônibus. Passou por um beco. Então, deu de cara com "ela" - a Ceifadora -  pintada no muro. "Ainda bem que te encontrei aqui", suspirou aliviado. Ajoelhou-se e agradeceu ao Criador por mais um dia.


Andra Valladares
13/04/2015




(PROJETO DE EXPRESSÃO VISUAL E TEXTUAL -  VOZES URBANAS. TRÊS OLHARES E UM FOCO: O CENTRO DE VITÓRIA.)

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

A morte do Rio Doce


(foto: Marcello Lourenço)




Se o olhar é o espelho da alma
e nele pode-se enxergar a dor,
a tristeza, o desespero.
Mirem bem no nosso olhar...
Nosso puro olhar de seres aquáticos,
criados pelo mesmo Deus que fez vocês.
Quão mal a ambição dos homens nos fez.



Andra Valladares




segunda-feira, 9 de março de 2015

QUASE DEI ADEUS À VIDA...




24 de setembro de 1971, 15h40min.  
Governador Valadares/MG, 
Risquei o céu e caí na terra.


Quase dei adeus à vida no primeiro mês, numa tarde chuvosa. O carro no qual viajava com meus pais e outros parentes rodou na pista e capotou, à beira de um abismo e ao lado de uma enorme pedra.  Com seis adultos no carro, todos sem cinto de segurança; eu, recém-nascida, escapei ilesa por algum milagre. Poderia ter morrido esmagada, com todas aquelas pessoas emboladas dentro do carro. Mas não. Não era minha hora. Uma Mão, vinda do céu, me acolheu num lugar seguro, poupando-me a vida pela primeira vez.

Quase dei adeus à vida aos 7 anos. Numa tarde risonha, em que brincava na rua de pique-esconde com os amigos. Tentei subir em uma árvore, escorreguei de aproximadamente 2 metros de altura. Caí de cabeça na calçada. Desacordada, fui socorrida pelas vizinhas. Na queda, poderia ter quebrado o pescoço ou sofrido um traumatismo craniano. Mas não. Novamente, a Mão lá do céu, de alguma forma, amparou minha queda e escapei ilesa pela segunda vez.

Quase dei adeus à vida aos 17 anos. Numa manhã cinzenta, quando saia para a escola. Eu e o meu irmão mais novo, na calçada, com nossas bicicletas, esperávamos meu irmão do meio. Então, um fusca, dirigido por um vizinho adolescente, virou a esquina rapidamente. A roda bateu em um buraco, e com o impacto, o "motorista" foi arremessado pra trás e soltou o volante. O veículo desgovernado, na diagonal, veio exatamente na nossa direção. Foi crescendo, crescendo, crescendo... Ali, eu vi a cara da morte. Mas, um metro e meio antes de nos atingir, havia um meio fio. A roda dianteira direita bateu nele e fez com que a direção mudasse para o lado oposto. Eu poderia ter sido esmagada contra o muro, juntamente com meu irmão. Mas não. Aquela Mão do céu, aproveitou o meio fio e deu um "empurrãozinho" naquela roda, eu sei. Escapei ilesa pela terceira vez.

Quase dei adeus à vida aos 29 anos. Numa manhã cotidiana, em que chegava ao meu escritório. Estava na frente do prédio em que trabalhava quando ouvi um grito. Parei e logo em seguida, dei um passo à frente. O suficiente para um tesoura enorme de cortar grama, que havia escapulido das mãos de um homem, do quarto andar do prédio; cair bem atrás de mim, a dois palmos de distância. Poderia ter sofrido uma morte ridícula com uma tesoura de cortar grama rachando minha cabeça. Mas não. De alguma forma, aquela mesma Mão do céu me empurrou para dar aquele passo decisivo. E escapei ilesa pela quarta vez.

Sem contar outras situações em que a "Sra. Morte" andou me rondando e sem que me dessa conta, agradeço a Deus por operar esses e outros milagres na minha vida. Por me poupar e permitir que continue minha jornada e aprendizado neste planeta.

Especialmente, agradeço por ter me dado a oportunidade e honra de me tornar mãe de um anjo chamado Gabriel, que me fez compreender o mais sublime significado da palavra amor.


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Abrirei novamente as asas para o infinito. 


  

(Andra Valladares)




sábado, 7 de março de 2015

MENSAGEM NA GARRAFA






A você, que encontrou essa mensagem,

Saiba que morri.
Não tenha dúvida.
Eu estava segurando essa garrafa,
se a soltei, não estou mais aqui.

Por que morri? Quer saber?
Porque a vida é uma piada!
Tosca, sem sentido, 
mórbida, de mau gosto...
Às vezes, até engraçada.
Pouco importa o tipo.
Detesto piadas!

Prefiro, com o olhar desperto,
contemplar estrelas.
Quero vê-las de perto.



Andra Valladares
07/03/2015

(texto escrito para um exercício de criação da Oficina Literária "Soltando a Língua" ministrada pelo escritor Marcelino Freire, no Centro Cultural Sesc Glória) 

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

DIVAGAÇÃO SOBRE O TEMPO (prosa poética)




DIVAGAÇÃO SOBRE O TEMPO


O que é o tempo? O que de fato representa? 

Não sei o que mede ou o que vale. Não sei se nos mede ou se nos vale.

Quanto tempo ainda nos resta? Quem sabe? Um dia? Um mês? Um ano? Duas décadas? Dez minutos? Quem garante?

Num simplório filosofar, apenas sabemos que a Sra. Morte anda sempre à espreita...

Às vezes nos poupa, mas quando decide não há apelação. É como se o tempo não existisse.

O que é o tempo? Quem sabe? O que de fato representa? 

Existe mesmo ou é fraude? 


(Andra Valladares) 
17/09/2014

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

GORJEIOS



GORJEIOS

Cantar, cantar...
Sem amarras...
O tempo não tarda
e a morte não poupa
nem os passarinhos e as cigarras.


(Andra Valladares)