Será possível? Gerar energia elétrica a partir do esgoto doméstico? ? o que está fazendo projeto desenvolvido pelo CENBIO (Centro Nacional de Referência em Biomassa), do IEE (Instituto de Eletrotécnica e Energia) da USP (Universidade de São Paulo). O sistema, instalado no CTH (Centro Tecnológico de Hidráulica) da universidade, está transformando parte do esgoto produzido no CRUSP (Conjunto Residencial da USP) e no restaurante central da Universidade, em energia elétrica.
O sistema foi apresentado oficialmente em julho de 2005, ao término do projeto. Também foi tema de mestrado da engenheira química Vanessa Pecora e de trabalho de conclusão de curso do engenheiro mecânico Fernando Castro de Abreu, ambos pesquisadores do CENBIO. A partir do biogás obtido no tratamento do esgoto, o equipamento é capaz de gerar cerca de 14 quilowatt-hora (kWh) de energia, relativo à captação aproximada de 72 metros cúbicos (m3) diários do esgoto doméstico do CRUSP e do restaurante, produzido por cerca de 500 pessoas.
O sistema de tratamento do esgoto utilizando um biodigestor modelo Reator Anãróbico de Fluxo Ascendente, mais conhecido como RAFA já estava instalado no CTH. O trabalho do CENBIO foi captar, purificar e armazenar o biogás em um gasômetro, que possui 10 m3 de volume útil, e transformar esse gás em energia elétrica. Segundo Castro de Abreu, ao todo, foram mais de três anos de pesquisas e instalação dos equipamentos.
Sistema viável
A pesquisa explica, porém, que o equipamento do CTH não pode ser utilizado em escala comercial. Segundo ela, eles conseguiram provar que a transformação do biogás em energia é possível. Para usá-lo em escala comercial, no entanto, o sistema teria de ser mais amplo. No município de Barueri, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), chegou a implantar um sistema semelhante.
A engenheira química destaca o baixo custo do gás combustível. "Trata-se de um gás que é normalmente desprezado ou é emitido diretamente na atmosfera, agravando o impacto ambiental", avalia. A captação obtém cerca de 3m3 de esgoto por hora. Após as etapas de filtragem em que são retirados sólidos, materiais oleosos e graxas dos dejetos, o esgoto é encaminhado para o biodigestor (RAFA) que opera sem a presença de oxigênio. O RAFA tem seis metros de altura e comporta um volume de 25 m3 de esgoto. "Os materiais sólidos, oleosos e graxas são encaminhados a um sistema de compostagem", explica Vanessa.
Após um tempo denominado TRH (Tempo de Retenção Hidráulica) de cerca de 8 horas, o biogás obtido do tratamento anãróbio do esgoto é captado na parte superior do biodigestor e encaminhado ao sistema de purificação, onde ocorre a remoção de umidade e do ácido sulfídrico (H2S). Em seguida, o biogás é armazenado no gasômetro e utilizado como combustível no grupo gerador. "A capacidade do gerador é de produzir até 14 kWh. Nosso sistema atinge, no momento, 2,4 kWh", diz a engenheira. Um painel composto por lâmpadas e resistências, instalado ao lado do gerador, mostra os resultados da energia gerada pelo sistema. Segundo Vanessa, a idéia é dar continuidade às pesquisas e tentar buscar recursos junto a instituições financiadoras para aperfeiçoamento do projeto.
Com informações da USP
Fico aqui me perguntando... Por que esse tipo de notícia não é mais divulgada, hein?! Por que o Governo Brasileiro não dá apoio total a um projeto assim? Utilizar uma fonte de energia inesgotável e inevitável e de quebra, poupar os oceanos de grande parte da poluição que neles são lançados diariamente... Ah, sim... é muita vontade de construir um paredão de concreto colo$$al como Belo Monte!
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PUBLICAÇÃO NO PORTAL DON OLEARI
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