AMÉM
Hoje acabou-se-me a palavra,
e nenhuma lágrima vem.
Ai, se a vida se me acabara
também!
A profusão do mundo, imensa,
tem tudo, tudo - e nada tem.
Onde repousar a cabeça?
No além?
Fala-se com os homens, com os santos,
consigo, com Deus... E ninguém
entende o que se está contando
e a quem...
Mas terra e sol, luas e estrelas
giram de tal maneira bem
que a alma desanima de queixas.
Amém.
(Cecília Meireles)
(*) Antologia Poética / Cecília Meireles. - 3ª.ed. - Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 2001.
Nenhum comentário:
Postar um comentário