domingo, 20 de novembro de 2011

AMÉM (Cecília Meirelles)



AMÉM

Hoje acabou-se-me a palavra,
e nenhuma lágrima vem.
Ai, se a vida se me acabara 
também!

A profusão do mundo, imensa,
tem tudo, tudo - e nada tem.
Onde repousar a cabeça?
No além?

Fala-se com os homens, com os santos,
consigo, com Deus... E ninguém
entende o que se está contando
e a quem...

Mas terra e sol, luas e estrelas
giram de tal maneira bem
que a alma desanima de queixas.
Amém.

(Cecília Meireles)

(*) Antologia Poética / Cecília Meireles. - 3ª.ed. - Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 2001

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