SALTO NO ESCURO
Ela
quebrara os grilhões que a prendiam a uma vida "normal" e
desinteressante.
Primeiro,
foi se desvencilhando, pouco a pouco, da carreira profissional. Há
aproximadamente quinze anos, era essa a sua principal fonte de ansiedade,
estresse e opressão. Até que largou de vez. “Nenhum dinheiro compra a minha
paz”. Era a frase que sempre repetia
em pensamento.
Seu
casamento, que por mais de uma década havia sido bom, havia degringolado nos
últimos anos. Assim, ela arrombara a porta da gaiola... Se por
um lado perdeu certa “estabilidade e segurança”, por outro ganhou um céu azul e
incontáveis árvores para pousar. Não havia como comparar uma coisa a outra.
Alçou voo!
O
resultado daquilo tudo, poderia parecer desastroso para quem visse de fora. Aos 42
anos de idade, época em que deveria estar com a vida “estabilizada”, ela havia
acabado de "chutar o balde"... Estava separada e sem emprego.
Todavia, ao contrário do que sempre imaginara, sentia-se confortável naquela
situação. Agora tinha um mundo de possibilidades pela frente. Enfim, iria
realizar seus sonhos com total liberdade. Estava feliz!
Enquanto
pensava, distraidamente, olhava a televisão. Estava sendo veiculado um programa
sobre esportes radicais. Por alguns instantes, observou aqueles jovens
praticando diversas modalidades, como: voo livre, motociclismo, paraquedismo,
rafting, rapel...
Então,
teve um insight. Riu e falou alto: - Hahaha... Coitados, eles pensam
que são "radicais"... Radical sou eu!
(Andra Valladares)
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